Epistemologia e História Comparada das Ciências Humanas
Apoiado pela
HISTÓRIA E LITERATURA
Projeto coordenado pela Prof. Dra Francine Iegelski
Experiência histórica, ficção e verdade na literatura latino-americana (1940-1960)
A crítica literária costuma considerar que, a partir dos anos 1940, surge um novo momento da literatura latino-americana, em que ficcionistas de diferentes países passam a tratar, com profundidade e amplitude de enfoque originais, a herança colonial e a violência da realidade histórica e social – revoluções, religião, luta pela terra, miséria, explosões do crescimento das cidades – do continente americano no século XX. Escritores como Jorge Luis Borges, Miguel Ángel Asturias, Alejo Carpentier, Juan Rulfo, João Guimarães Rosa e García Márquez ficaram conhecidos por explorar em suas ficções, cada um a sua maneira, o que o crítico brasileiro Davi Arrigucci chamou de “oscilação ambígua entre real e irreal em suas narrativas”. Logo nos anos 1950, Ángel Flores considerou esse contexto como sendo o da emergência de um “realismo mágico” genuinamente latino-americano. Já para Antonio Candido, o “realismo mágico” de Guimarães Rosa garantia um “sentimento de realidade” mais eficaz ou profundo do que todas as técnicas que a literatura realista dispunha para estabelecer uma impressão de real. Partindo dessa consideração, nossa intenção é investigar como, ao transformar a opacidade que marca as relações entre não-ficção e ficção em matéria literária, os escritores latino-americanos passaram a apresentar novas maneiras de relacionar literatura e experiência histórica. Contudo, em vez de uma “dialética da colonização”, marcada por relações de “diferença e repetição” da literatura latino-americana com a literatura produzida na Europa, como já interpretou Alfredo Bosi, defendemos que a moderna narrativa ficcional da América Latina desenvolveu formas estéticas próprias, relacionadas às singularidades históricas dos países de passado colonial, o que nos trouxe um legado emancipado e emancipador num terreno importante da história da cultura intelectual, o da literatura. Um modo desafiador de pensar, então, nossa própria história e diferentes dimensões de sua escrita.
COORDENAÇÃO
Pesquisadora do Grupo Temporalidad da Rede Iberconceptos
Dissertação de mestrado: “Tempo e memória, literatura e história”
Breve informe da pesquisa